Participei de uma pesquisa para um artigo sobre terapias orientais, escrito por um amigo que está estudando jornalismo, e achei interessante publicar este texto. Os depoimentos de uma profissional experiente e de pessoas que receberam atendimento (inclusive eu), dão uma noção de como é o meio.
A massoterapia, que tem raízes nos conhecimentos milenares do oriente, ressurge com força total para a melhoria de qualidade de vida no ocidente
Edson Kameda
Especial para UniFolhaNove
Após um dia estressante de trabalho, seja na empresa, na escola ou na rotina dos afazeres domésticos, a frase “ah!... uma sessão de massagem...” soa tão mais agradável e reconfortante quanto maior for a pressão em que as pessoas estão submetidas nessa agitada vida moderna. Não raro, a modernidade provoca sintomas como dores de cabeça, insônia, indisposição etc. Mas, felizmente, as terapias alternativas vêm ganhando espaço como recurso de melhoria de qualidade de vida e mais recentemente até como recurso de prevenção e tratamento de distúrbios físicos e emocionais.
Entretanto, a iniciativa de procurar esses recursos como, por exemplo, massagem terapêutica, geralmente só acontece quando a pessoa sente algum tipo de desconforto físico mais acentuado tais como torcicolo, lombalgia, tensão nos ombros que, muitas vezes, traz como conseqüência dificuldades motoras que impedem a execução de tarefas básicas do cotidiano.
Dentre várias modalidades de terapias alternativas, podemos destacar as técnicas orientais: Shiatsu, An-ma, Moxabustão e Ventosa, que podem ser utilizadas para resolver esses incômodos restabelecendo o equilíbrio físico e eliminando assim aqueles sintomas. Essas práticas, no entanto, já eram utilizadas na colônia japonesa quando esses imigrantes vieram para o Brasil a bordo do primeiro navio japonês, o “Kassato Maru” que aportou em Santos em 1908, trazendo consigo a sua cultura milenar.
Quanto ao surgimento dessas práticas, a história nos conta que a massagem tem sua origem em várias civilizações antigas, tendo sido utilizada como técnica de cura no oriente há mais de cinco mil anos, como pode ser observado nas pinturas, na cerâmica, em xilogravuras e desenhos da China, Japão, Egito e Pérsia (atual Irã). No ocidente, Hipócrates, o “Pai da Medicina”, recomendava “esfregar” o corpo para ajudar restabelecê-lo. No entanto a massagem desapareceu durante a idade média e só foi retomada no século XVI, pelo médico francês Ambroise Paré, cirurgião do monarca Henrique III, como está relatado em um site sobre massoterapia.
Atualmente, existem no Brasil algumas escolas de nível técnico reconhecidas pelo MEC, que ministram cursos profissionalizantes para formação de massoterapeutas, que incluem no seu programa, anatomia, fisiologia e psicologia humana, além das teorias da medicina oriental. Existem também outras escolas que promovem cursos livres, de curta duração, sobre o tema para o público em geral.
“A massoterapia, ou a massagem, como é popularmente conhecida, além de promover alívio e bem estar físico e emocional, tem efeito profilático, pois restabelece o funcionamento natural dos músculos, amplia a capacidade respiratória, aumenta a amplitude dos movimentos o que facilita a execução das tarefas do dia-a-dia de forma adequada à anatomia do corpo humano, diminuindo assim a possibilidade de acidentes”, afirma a massoterapeuta Helena Tsurusawa.
Profissional há mais de sete anos, ela se formou pelo EOMA – Escola Oriental de Massagem e Acupuntura, a mais antiga e tradicional do Brasil, fundada em 1980, na cidade de São Paulo, pelo Professor Tadamichi Yamada, que ministrava aulas na Escola Técnica de massagem e Acupuntura de Kansai-Japão. Encontrou algumas dificuldades no Brasil, tais como o contato com uma nova língua e cultura, além dos entraves com a Legislação e com famosa burocracia.
“Foram 1500 horas de muito estudo entre teoria e prática, na aplicação dos conceitos da medicina oriental (chinesa e japonesa), no diagnóstico e tratamento, além de estágio supervisionado no atendimento à população feito na clínica da própria escola, que me deu a formação sólida e confiança para o exercício da profissão de massoterapeuta”, afirma Helena T. Tsurusawa.
“Técnico de Nível Médio na Habilitação Profissional de Reabilitação - Modalidade Massagista”. Esse nome complicado e pomposo, definido pelo MEC, está impresso no certificado, que ela exibe com orgulho na parede do seu consultório particular, onde atende em média de três a quatro pacientes por dia. “O mais importante não é o título. É a constante atualização do profissional para atender cada vez melhor os seus pacientes” diz Helena, que após a sua formação em massoterapia se formou também em acupuntura e cursou os 3 primeiros anos do curso de fisioterapia para conhecer melhor a anatomia e fisiologia humana.
Ela atende os mais diversos tipos de pacientes entre donas de casa, profissionais liberais, professores, executivos de empresa, desportistas, médicos e dentistas, mas de uma forma geral classifica-os em dois grandes grupos: pacientes que aparecem somente quando está em crise ou “travado”, com eles alegam, e pacientes mais familiarizados com os benefícios dessa terapia, que recebem regularmente a massagem como forma de prevenção contra contusões musculares e a manutenção do bem estar físico e psicoemocional. De acordo com o problema que o paciente apresenta, ele deve procurar um tipo de tratamento que mais se adéqüe as suas necessidades.
Outro fato que contribuiu para a difusão desse conhecimento milenar é o caso de Luiza Sato, nissei, natural da cidade de Bastos, interior do estado de São Paulo, que a princípio aprendeu as técnicas do mestre Zenzo Yamamoto em 1976, apenas para cuidar da saúde dos filhos, mas hoje conta com uma rede de 25 clínicas, a maioria na capital paulista, que emprega aproximadamente 260 massoterapeutas altamente qualificados, que faz mensalmente cerca de sete mil atendimentos, conforme publicado no site da própria instituição.
Descrição simplificada das terapias
Shiastu
Massagem de origem japonesa que significa “pressão do dedo”. Consiste em pressionar o corpo na linha dos meridianos (trajeto da energia vital, segundo a medicina oriental), utilizando os polegares, a palma das mãos, e às vezes os cotovelos. A finalidade é restabelecer o fluxo energético normal, além de relaxar a musculatura endurecida. Indicado para dores nas costas, tensão crônica no corpo, insônia, depressão, ansiedade e irregularidades nos ciclos menstruais. Traje do paciente: roupas confortáveis de algodão.
An-ma
“An” significa pressão, “Ma” significa deslizamento. Técnica de massagem oriental que consiste em realizar com as mãos sobre a superfície do corpo, deslizamentos, amassamento, pressão, percussão e movimentação. Tem como objetivo o equilíbrio físico, mental e energético do corpo. A aplicação dessa técnica provoca um relaxamento geral, reduz dor crônica, recupera os músculos fatigados, fortalece o sistema imunológico. Melhora a postura, o sono, a concentração e a criatividade. Traje do paciente: roupas confortáveis de algodão.
Moxabustão
Tratamento feito através da queima da planta medicinal chamada ARTEMÍSIA (Artemísia vulgaris e sinensis), que produz um aquecimento muito particular com efeitos profundamente benéficos e terapêuticos. Pode ser aplicado diretamente nos pontos de acupuntura com pequenos cones de artemísia, do tamanho de um grão de arroz, ou por aproximação do bastão de artemísia, do tamanho de um charuto, aquecendo a região a ser tratada.
Ventosa
A ventosaterapia tem como base a colocação de uma campânula de vidro ou outras formas de inspiradores semelhantes aos copos de ventosas sobre a pele, após provocar um vácuo pela queima do ar no seu interior, gerando uma sucção no local. O principal objetivo é controlar a corrente sanguínea, tornando-a mais eficiente, fortalecendo os seus vasos, removendo qualquer tipo de estagnação do corpo. Seu efeito relaxante tem relevante aplicação para facilitar movimentos articulares. Pode ser utilizada como coadjuvante na massagem modeladora e no tratamento da celulite.
Para conhecer melhor essas terapias existem várias literaturas disponíveis nas principais livrarias ou mesmo na internet. No entanto, a melhor forma de aproveitar esse conhecimento, é experimentar e tirar da sua vivência, a sua própria conclusão, logicamente com profissionais que tenham uma boa formação e experiência com essas práticas.
Luiz M. Yamamoto, 40, comerciante, dono de um café no bairro São Judas, conta que teve uma inflamação nos ombros que só conseguiu se curar com a Ventosaterapia, praticada por um velho conhecido de seu pai, um dos primeiros imigrantes japoneses.
Maria Teruko, 42, cabeleireira, viaja uma vez por mês de Limeira, interior de São Paulo para a capital, para se submeter a uma sessão de An-ma. “É como se tirasse com a mão, toda dor muscular que sinto nas costas”, comenta, e se mostra satisfeita com a atual massoterapeuta, indicada por uma amiga.
Marcelo Marin, 37, diagramador, só se lembra de sua massagista quando “trava” os músculos das costas e do pescoço, devido às tensões do seu trabalho, que vão se acumulando ao longo de um período.
Vivi Keller, 43, musicista, professora de canto na escola de música, no seu estúdio, na faculdade além de shows como cantora em eventos, apesar da sua agenda lotada, não dispensa a sua sessão de massagem semanal. No inverno, para se manter longe da gripe e principalmente do resfriado, se submete a algumas sessões de moxabustão.
“Pratiquem alguma atividade física, como uma caminhada, por pequena que seja, para a manutenção do estado de equilíbrio que se adquire com a sessão de massagem!” é a recomendação que Helena faz aos seus pacientes, baseado na experiência e na filosofia da medicina oriental que diz que o equilíbrio do corpo humano está no fluxo energético constante, e que a disfunções surgem quando esse fluxo é de alguma forma interrompida.
domingo, 30 de maio de 2010
Terapias Alternativas ganham espaço no mercado
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